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Presidente do Conselho Federal de Medicina é o único brasileiro a ocupar uma cadeira no atual Conselho de Administração da Associação Internacional de Bioética (International Association of Bioethics – IAB)
No último 4 de junho, foram contabilizados os 76 votos para a eleição dos 12 novos membros do novo Conselho de Administração da Associação da Associação Internacional de Bioética, a IAB, (International Association of Bioethics). Roberto Luiz d´Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina, recebeu oito votos, ficou na terceira posição do ranking. O primeiro colocado, Angus Dawson, do Reino Unido, recebeu dez votos. A cada dois anos metade da diretoria é renovada.
Roberto d´Avila afirma que a boa posição do Brasil revela o respeito que os pares do cenário internacional têm pela bioética construída no país. “Acredito que temos um trunfo na mão que poderá ser utilizado para facilitar alguma posição de destaque na diretoria”, disse. A primeira reunião do novo grupo vai acontecer no Congresso Mundial de Bioética da IAB, entre os dias 26 e 29 de junho, em Roterdã, na Holanda.
Com a nova diretoria, o Brasil perdeu representatividade na IAB, pois antes ocupava três das doze cadeiras. Para Roberto, não há problemas em ter perdido espaço, já que foi o único candidato brasileiro, e recebeu um bom número de votos. “Devemos nos preparar para a próxima eleição e ter pelo menos mais dois candidatos para fortalecer a nossa presença”, afirma.
A Argentina e o Brasil são os únicos países da América Latina com assento na IAB. “Temos o país como um forte aliado do Brasil por compartilharem a mesma linha na bioética”, lembra o professor José Eduardo Siqueira, atual membro da diretoria. Ele explica que permanece na diretoria por mais dois anos e o Roberto d´Avila por quatro. “Ao total são 20 cadeiras, a cada dois anos renova-se a metade.”
Para Siqueira, é importante ter o presidente do CFM como um representante, já que a associação tem muitos sócios individuais e universidades. “Para o Brasil e para a IAB é bastante relevante ter a presença institucional do CFM no estágio mais elevado a bioética internacional”
Cláudio Lorenzo, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, disse que a trajetória de Roberto d´Avila é um exemplo de como o Brasil estará bem representado. “O Roberto é muito ativo, com posições bastante avançadas. Foi responsável, por exemplo, por permitir a reprodução assistida para homossexuais e solteiros, aprovou a resolução sobre ortotanásia e a normatização de cirurgias para transexuais”, afirma Lorenzo.
Para Thiago Cunha, pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Nethis/Fiocruz), manter um brasileiro em posição de destaque na IAB significa garantir maior pluralidade da bioética: “No Brasil, como em poucos países do mundo, a bioética reflete uma diversidade de perspectivas éticas, políticas, religiosas, culturais, entre outras. Conferindo-lhe uma fundamentação nativa e plural. A sensibilidade de Roberto D´Avilla para compreender e articular essas perspectivas pode contribuir para a ampliação teórica e prática da própria bioética internacional”.
PERFIL – Roberto Luiz d´Avila é cardiologista, médico do trabalho e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Desde 1999 representa Santa Catarina junto ao Conselho Federal de Medicina. Ocupou os cargos de corregedor e de 1º vice-presidente. Coordenou importantes comissões, como a responsável pela revisão do Código de Ética Médica e as de Terminalidade da Vida e de Informática em Saúde, nas quais se mantém na coordenação, além da Comissão Nacional em Defesa do Ato Médico.