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As pesquisas serão desenvolvidas nas linhas Fundamentos de Bioética e Saúde Pública e Política Internacional e Comparada
Os pesquisadores do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (NETHIS) Felipe Baptista e Samira Santana foram aprovados em mestrados da Universidade de Brasília (UnB). Baptista cursará o Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e Santana o Programa de Pós-Graduação em Bioética.
O coordenador do NETHIS, José Paranaguá, comemora a aprovação dos pesquisadores, e acredita que a inserção no mestrado fomentará futuras pesquisas e estudos nas áreas de atuação do Núcleo: saúde pública, relações internacionais e bioética. “Samira traz um trabalho que aprofundará conceitos da Bioética, campo do saber em plena ascensão, que necessita de fundamentação por parte de pensadores da América Latina. A pesquisa de Felipe é, em primeiro lugar, uma oportunidade de integrar a agenda de pesquisa do Núcleo àquelas dos tradicionais centros de pesquisa, como é o caso do Instituto de Relações Internacionais, que é referência em todo o país na área”, acredita.
BIOÉTICA E BIOPOLÍTICA – Santana desenvolverá a pesquisa Bioética e Biopolítica: Reflexos na Cooperação Internacional em Saúde Pública, na linha de pesquisa Fundamentos de Bioética e Saúde Pública. O estudo será um levantamento bibliográfico dos três conceitos que envolvem a sua pesquisa: bioética, biopolítica e cooperação internacional em saúde pública. O objetivo é compreender o papel da bioética no âmbito da cooperação internacional em saúde pública, levando em consideração seus mecanismos biopolíticos.
“A biopolítica é um conceito que une outros dois conceitos: bio (vida) e política, portanto, quando a vida passa a ser algo manipulável – por meio de políticas de atenção básica, vacinas, propagandas das indústrias farmacêuticas, nas quais o Estado tem um papel fundamental, enquanto mecanismo coercitivo – a vida deixa de ser um problema de cunho pessoal e familiar, para se tornar uma preocupação do Estado e de outras entidades não governamentais que também interferem nesse processo”, explica a pesquisadora.
Santana sustenta que a interferência do Estado promove, em alguma medida, a alienação das pessoas envolvidas. Um exemplo são as leis que legitimam o uso indiscriminado das “cobaias de pesquisa” em estudos clínicos, que não possuem autonomia suficiente para saber o que é benéfico ou prejudicial para si. “Elas passam a ser ‘marionetes’ do sistema econômico, maquiados de políticas em prol da saúde, com o amparo do governo. A população fica à mercê desses mecanismos biopolíticos”, acrescenta.
Por outro lado, Santana analisa que o Estado interfere também de maneira positiva, como em ações comprometidas com o bem-estar da população e a promoção desse bem-estar. “Envolve a vacinação, condições adequadas de saneamento, entre outras medidas”, exemplifica.
ESTOQUES DE VARÍOLA – Baptista desenvolverá a pesquisa Apropriação dos Conceitos de Segurança Internacional na Agenda da Saúde Global: A Destruição dos Estoques de Varíola, na linha de pesquisa Política Internacional e Comparada. A ideia é compreender como ocorre o debate sobre o tema na agenda de segurança internacional. “Esse não é um tema tradicional de segurança internacional, é um tema de saúde global, mas que permeia a agenda de segurança. Meu objetivo é entender como os atores envolvidos nessa discussão na Organização Mundial da Saúde se apropriam de conceitos de segurança internacional para decidir sobre a matéria”, explica.
O pesquisador defende que a discussão sobre a destruição dos estoques da varíola, pela sua potencial gravidade em relação ao uso do vírus para a produção de armas biológicas de destruição em massa, além do impacto para a estabilidade de países vítimas de grandes epidemias, é um tema de segurança internacional. “Uma preocupação também recorrente no caso da AIDS, por exemplo, e de outros temas do regime internacional de doenças infecciosas”, afirma.
Baptista fará um levantamento bibliográfico para reconstruir o processo das discussões, na última década, acerca da destruição dos estoques da varíola. Após a revisão da bibliografia, o pesquisador fará um estudo de caso sobre a discussão na Assembleia Mundial da Saúde sobre o tema.
Ele acredita que seu estudo traz um assunto pouco explorado em relações internacionais, e que consegue unir as áreas de estudo do NETHIS: saúde, diplomacia e bioética. “Propor um projeto que tem como o objeto a saúde global e a diplomacia em saúde é relevante por trazer essa temática incomum para a pauta das relações internacionais. Do ponto de vista institucional, tanto o NETHIS como a FIOCRUZ Brasília ganham no sentido de contribuir para a aproximação dessas instituições com a UnB”, conclui.
NETHIS - Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde
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