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Debate promovido pelo Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) fez uma análise histórica sobre como a saúde foi discutida em documentos oficiais desde a década de 50
O futuro que queremos: saúde no centro do desenvolvimento sustentável. A partir desta preocupação, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) elaborou três documentos para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em junho de 2012. O consultor internacional de Saúde e Meio Ambiente da Opas/OMS, Carlos Corvalán, apresentou uma análise histórica de como o tema da saúde foi discutido em conferências e documentos das Nações Unidas entre 1972 e 2012. “A Rio+20 representou um importante avanço. Há um capítulo dedicado ao assunto e a palavra saúde é citada em artigos que tratam de serviços de energia, alimentação, planejamento urbano, habitação, transporte, saneamento e condições de trabalho. A saúde deixa de ser parte apenas de um indicador social e passa a ocupar espaço nas discussões do ambiente e da economia das nações”, afirmou.
Ele participou do Painel promovido pelo Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis) e pela Opas/OMS intitulado: As Relações entre Saúde e Desenvolvimento Sustentável no contexto na Bioética, no dia 23 de agosto, na FIOCRUZ Brasília. Carlos Covalán resumiu os principais resultados da Conferência de Estocolmo, em 1972, do Relatório Brundtland, em 87, da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – realizada no Rio de Janeiro (Eco 92) – da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, na África do Sul – realizada dez anos depois, em 2002 – e, por fim, a Rio+20, em 2012. “Sou bastante otimista com relação ao futuro, não podemos esquecer que só temos uma mãe terra”, finalizou.
Outra convidada, a historiadora e professora adjunta da Universidade de Rostock, na Alemanha, Íris Borowy, fez uma análise sobre o desenvolvimento e a saúde, desde a década de 50. “Saúde não é apenas ausência de doença. Saúde é um estado de bem-estar social, físico e mental”, disse a professora, apoiada pela Constituição da Organização Mundial da Saúde. Para Íris, é impossível ter um desenvolvimento equilibrado sem uma população saudável, e a falta de desenvolvimento é, em si mesmo, a causa de muitos problemas de saúde. Ela relacionou a saúde com a economia, o desenvolvimento e a falta de desenvolvimento.
Íris explicou que nas décadas de 50 e 60 a ideia central era de que o passado servia de modelo para o futuro. “As questões sócio ambientais tinham um caráter local e as preocupações com o desenvolvimento estavam relacionadas ao crescimento econômico”, conta. Após a Conferência de Alma Ata, em 1978, e o Relatório de Brundtland, em 87, organizado pelas Nações Unidas – que definiu o desenvolvimento sustentável como aquele que deve satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras – o passado deixou de ser exemplo para o futuro. “As questões sociais tomam um caráter global e o desenvolvimento deverá ser alcançado com uma mudança na forma de crescimento”, explica.
O coordenador do Nethis, José Paranaguá, lembrou que é preciso fortalecer a noção de ética nas relações internacionais, bem como o interesse cívico relacionado a questões como saúde, meio ambiente e desenvolvimento. “É uma forma de garantir um ambiente justo, fraterno e saudável às futuras gerações”.
Carlos Corvalán (OPAS), Guilherme Franco Netto (MS) e Íris Borowy (Alemanha).
O diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto, coordenou a mesa e apontou para a preocupação governamental dos últimos anos com o tema da saúde, ambiente e desenvolvimento. “Essa articulação com a sociedade civil e a academia brasileira foi de extrema importância para a inclusão da saúde no Marco Zero, documento preliminar da Rio+20”, concluiu.
Por Cecília Lopes – Publicado em 27 de agosto de 2012.