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Aumentar os impostos sobre bebidas alcoólicas, proibir ou restringir a publicidade desses produtos e reduzir a disponibilidade física do álcool são algumas das medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que prepara um plano de ação para ajudar os países a adotarem políticas contra o consumo nocivo da substância.
A previsão é que o plano seja lançado em 2022, com uma agenda de ações e metas até 2030. Elencadas na Estratégia Global para Redução do Uso Nocivo do Álcool, a maioria dos países não adotou as medidas preconizadas pela Organização em 2010. A assessora regional para álcool da OMS, Maristela Monteiro, aponta a interferência da indústria nas decisões dos governos como um dos principais fatores para a baixa adesão. Segundo ela, colocar em prática as medidas é um grande desafio, porque colide com poderosos interesses comerciais.
“As decisões políticas para melhorar a saúde da população estão sendo influenciadas pelos interesses comerciais de grandes corporações” – Maristela Monteiro
Entre 2003 e 2016, a quantidade de álcool consumida por pessoa na Rússia caiu 43% após a implementação de políticas de controle. O governo aumentou os impostos sobre os produtos, proibiu a publicidade e a venda após às 23 horas e estabeleceu um preço mínimo para as bebidas, medidas previstas na Estratégia Global da OMS.
De acordo com a Organização, a redução significativa no consumo de bebidas alcoólicas contribuiu para o aumento da expectativa de vida no país que, em 2018, alcançou um recorde histórico: 78 anos para mulheres e 68 para homens.
Além da Rússia, o preço mínimo para bebidas alcoólicas foi adotado na Escócia, Moldova, Ucrânia, Uzbequistão, em alguns estados dos EUA e em parte do Canadá. Segundo Maristela Monteiro, ajustar os preços das bebidas para que elas tenham um preço mínimo é uma medida que incide diretamente nas taxas de mortalidade.
Outra estratégia que vem ganhando força em nível mundial é o controle da publicidade do álcool. “Finlândia, Lituânia e Estônia são exemplos exitosos, inclusive com alcance às redes sociais, reduzindo ao máximo a capacidade de se fazer o marketing”, conta a assessora.