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No segundo dia de atividades do Abrascão 2015, 28 de julho, o Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz) promoveu o curso Cooperação Internacional em Saúde: A Estratégia do Círculo de Fogo. Quatro expositores discutiram sobre desenvolvimento e desigualdades no contexto das relações internacionais.
O coordenador do Nethis, José Paranaguá de Santana, ressaltou que há 250 anos atrás, o país mais pobre do mundo tinha uma diferença de 1 para 6 de acordo com os critérios e as estimativas de comparação entre países ricos e pobres. “Hoje, a diferença mudou para 600. É um processo que tem evoluído cada vez mais. Estamos vivendo o aumento de desigualdades em escala cada vez mais acelerada”, afirma.
A primeira aula, conduzida por Julio Suarez, ex-consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e pesquisador associado ao Nethis, foi sobre Desenvolvimento e Desigualdades no Contexto das Relações Internacionais. Suarez elencou os quatro assuntos mais importantes para pensar os sistemas de saúde: financiamento, governança, pessoal e medicamentos e tecnologias.
“Sempre que tentamos melhorar a saúde, esbarramos nesses quatro pontos. O gasto público de saúde é muito grande, o que é ruim para nós que temos um sistema universal. O pessoal é o maior problema do sistema de saúde, pois se não temos pessoas competentes, motivadas e nos lugares certos, não temos sistema de saúde”, avalia Suarez.
A aula sobre Atores, políticas e estratégias da agenda das relações internacionais no pós-2015, ministrada por Eduardo Levcovitz, representante da Opas no Uruguai, instigou os participantes com uma atividade para identificar os órgãos, programas e comissões do Sistema das Nações Unidas que trabalham diretamente com saúde. Acesse o documento.
O pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz da Fiocruz, Fernando Pires-Alves, conduziu módulo A Evolução da Cooperação internacional em saúde no pós-Segunda Guerra Mundial, com um panorama dos principais fatos e documentos da história da cooperação internacional em saúde.
Os referenciais teóricos que sustentam a cooperação internacional na área da saúde foram apresentados por José Paranaguá de Santana, coordenador do Nethis. Ele também explicou a estratégia do “círculo de fogo” (imagem abaixo) e questionou: “A análise crítica das relações entre desigualdade, desenvolvimento e cooperação permite supor que as desigualdades entre os países podem ser minoradas mediante a cooperação internacional?”.
Paranaguá defende que uma das saídas é a regulação estatal em áreas ligadas ao campo da saúde para minimizar a epidemia de doenças crônicas mundial. “O debate para regular as grandes empresas multinacionais deve ser de interesse público, da sociedade civil, dos movimentos sociais e da academia”.
Acesse a apresentação do professor Julio Suarez.
Acesse a apresentação de Fernando Pires-Alves.