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“As instituições precisam assumir a missão histórica da universidade para a superação das desigualdades”. Com esta frase, o médico e reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Naomar de Almeida Filho, abriu a primeira sessão do VIII Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública e do Curso Livre “Desenvolvimento, Desigualdade e Cooperação Internacional em Saúde”. Essas atividades são promovidas pelo Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz) e pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
As inscrições continuam abertas neste link.
Professor titular de Epidemiologia no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Naomar de Almeida Filho citou os desafios para que o ensino superior se torne um catalisador da reversão das desigualdades: a educação como fator de exclusão social; autonomia universitária utilizada para se afastar da sociedade; não diálogo com o campo social da educação; e a necessidade de protagonizar novos modelos de desenvolvimento planetário.
O contexto político do Brasil também influencia o cenário das desigualdades. Para ele, o país ainda tenta reconstruir o Estado pós-ditadura militar (1964-1985), com políticas públicas tardias, retrocesso político-ideológico, contexto laboral, desafios ambientais, desigualdades de diversas naturezas e um novo ciclo de aumento da desigualdade, constatado a partir do coeficiente Gini. Acesse aqui a apresentação em ppt.
A mesa de abertura do evento foi composta pelo coordenador do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde de Brasília, José Paranaguá; pelo reitor da Unilab, Anastácio de Queiroz; e pelo diretor da Fiocruz no Ceará, Carlile Lavor.
Partindo do contexto, seguiu-se uma rica discussão sobre o que o professor chamou de “efeitos perversos da saúde e da educação”: a tributação em excesso da maioria pobre e os incentivos fiscais para a minoria rica estariam na base do modelo político de dominação. Com isso, a maioria custeia o Sistema Único de Saúde (SUS) e as universidades públicas, entretanto, a minoria é que tem acesso, a partir de incentivos fiscais, ao ensino médio e serviços privados de saúde de melhor qualidade, acessando mais facilmente serviços de alta complexidade do SUS e ensino superior público. Às classes empobrecidas, restariam serviços públicos deficientes na área de saúde e pagar pelo ensino superior, em instituições privadas com menos qualidade. “Os privilégios da minoria retroalimentam a dominação político-econômica”, resume.
O debatedor localizou a formação nas universidades entre os fatores que sustentam a dominação político e ideológica. “Um profissional da saúde pode atender muito mal no posto, pela manhã, e muito bem na clínica particular, à noite. Ou o mesmo profissional, no hospital de alta complexidade, pode atender muito bem alguém com quem se identifica ideologicamente e desumanizar outro paciente. O que causa isso? A formação na universidade, currículos, modo de ensino e aprendizagem”, aponta.
Naomar acredita que o modelo implementado na UFSB pode contribuir para uma universidade voltada à diminuição das desigualdades: bacharelado interdisciplinar de três anos, em grandes áreas, em que o primeiro ano é feito nos Colégios Universitários, oito unidades descentralizadas da universidade, instaladas em municípios com mais de 20 mil habitantes e mais de 300 egressos do ensino médio público. A universidade destina ainda 85% das vagas a estudantes de escola pública, pois constatou-se que 85% dos egressos do ensino médio da região saíram da rede pública.
“É preciso investir em tecnologia da informação e comunicação. Esse modelo permite que os estudantes façam escolhas no percurso, e não antes. E que durante o percurso possam fazer mudanças também”, disse, sublinhando o fato de não retirar os estudantes de sua origem, o que favorece a interiorização do ensino superior e o desenvolvimento regional.
CICLO DE DEBATES – Os interessados poderão escolher assistir todas as sessões, duas ou apenas uma. Para receber a declaração de participação (4 horas), após assistir cada palestra, é preciso responder a uma pesquisa de satisfação.
CURSO LIVRE – As palestras, datas e horários são os mesmos das sessões do Ciclo de Debates, mas é obrigatório assistir todas as sessões e responder uma avaliação de aprendizagem referente a cada palestra para receber o Certificado de Curso Livre (18 horas), emitido pela Escola Fiocruz de Governo.
Nos dias 6 de outubro, 6 de novembro e 7 de dezembro, os vídeos estarão disponíveis no ambiente virtual onde foi realizada a inscrição. Esta atividade é apoiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
As palestras poderão ser assistidas a distância (Facebook da Fiocruz Brasília) ou presencialmente, no campus da Unilab, em Redenção, no Ceará. Posteriormente, as palestras estarão disponíveis também off-line, no ambiente de inscrição.
Os interessados podem se inscrever em apenas uma das modalidades neste link.
Texto: Assecom Unilab.