Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Integração de bases de dados pessoais amplia capacidade de pesquisas em saúde

Notícia publicada em:

  • 24 de setembro de 2021
Apesar dos benefícios, questões jurídicas e de governança que promovam a segurança no uso de dados individuais das populações foram enfatizadas na segunda sessão do XI Ciclo de Debates: Inteligência Artificial e Desigualdades em Saúde

Se, por um lado, o armazenamento de informações pessoais desperta discussões éticas sobre o direito à privacidade; de outro, o uso legal dessas informações em estudos científicos tem revolucionado o alcance das pesquisas e o impacto social de suas respostas. Longe de ser um dilema integralmente equacionado pelos governos, o compartilhamento internacional de boas práticas de governança digital foi uma das recomendações apontadas no debate, realizado em 23 de setembro, para assegurar o bom uso dos dados.

Segundo a pesquisadora do Hospital da Universidade de Montreal Cécile Petitgand, além do investimento massivo em segurança das infraestruturas computacionais, é importante a criação de agências nacionais para coordenar atividades de governança e de avaliação dos sistemas de inteligência artificial, que se alimentam de grandes bases de dados. Petitgand ressaltou a necessidade de diálogo entre as agências e organizações multilaterais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Hoje a cooperação internacional existe, mas é insuficiente”, alertou.

Como requisito indispensável para garantir um bom uso dessas ferramentas tecnológicas, a pesquisadora defendeu o fomento de capacidades multidisciplinares para profissionais de saúde que vão trabalhar com grandes volumes de dados e sistemas de inteligência artificial. Um modelo de avaliação para esses dispositivos que garanta a participação social foi destacado por Petitgand, que exortou a interoperabilidade dos dados, como um instrumento valioso para conferir maior representatividade a um conjunto de informações coletadas.

Na segunda sessão do Ciclo de Debates, pesquisadores do Canadá e do Brasil discutiram os desafios para o uso de bancos de dados e de sistemas de inteligência artificial na saúde

De acordo com o pesquisador da Fiocruz Bahia Maurício Barreto, uma das principais dificuldades para a ciência contemporânea é a governança das grandes bases de dados, sujeitas à má gestão e a ações criminosas de hackers. A respeito desses desafios, o pesquisador evidenciou algumas dimensões legais que buscam assegurar o bom uso dessas informações, como a General Data Protection Regulation (GDPR) – o marco regulatório europeu sobre privacidade e proteção de dados pessoais – e a Lei 13.853/2019 no Brasil, que instituiu Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Segundo ele, é provável que novos marcos regulatórios surjam com o passar o tempo, já que essas tecnologias estão em franco desenvolvimento.

Health data ecosystems

Em uma tradução livre, ecossistemas de dados de saúde. A integração de grandes bases de dados, segundo o pesquisador da Fiocruz, vem permitindo o cruzamento de diferentes informações sobre a saúde das populações. E é a partir dessa interoperabilidade de sistemas que os cientistas vêm ganhando melhores condições para conduzirem seus estudos.

Ele explicou que a integração de diferentes bases de dados tem possibilitado a realização de pesquisas mais aprofundadas sobre o impacto das políticas públicas, o monitoramento das desigualdades sociais em saúde e a eficácia das vacinas contra covid-19 no Brasil, por exemplo. E para que esses volumes de dados sejam transformados em conhecimento, de acordo com o Barreto, eles devem ser incorporados em populações bem caracterizadas e representativas.

A ciência baseada em dados será multidisciplinar, colaborativa e menos competitiva do que a ciência clássica e focada em problemas específicos” – Maurício Barreto, coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

Com relação ao dilema entre o uso legal de dados individuais das populações e um possível risco de dano ao direito de privacidade, Barreto provocou os participantes a refletirem: “o não uso desses dados também traz problemas éticos, porque se evita de conhecer informações importantes. Ao meu ver, o grande desafio de nós pesquisadores é dar sentido ao uso desses dados para encontrar soluções importantes à humanidade”, disse o pesquisador.

Assista aqui à íntegra do debate.

Ciclo de Debates

O XI Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública é promovido pelo Núcleo de Estudos em Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz Brasília). A concepção das atividades deste semestre é uma iniciativa compartilhada entre o Nethis/Fiocruz Brasília e Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (Cepedisa) da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).

Assine a newsletter do Nethis e não perca as próximas sessões do XI Ciclo de Debates: Inteligência Artificial e Desigualdades em Saúde.