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Mais uma vez a FIOCRUZ Brasília é palco de importantes debates que tratam de assuntos polêmicos sobre bioética e a cooperação entre os países nas questões da saúde.
Na manhã do dia 28, o I Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública promoveu um intenso diálogo sobre a regulação das pesquisas clínicas, sua relação com o crescimento das indústrias farmacêuticas e o tratamento dado ao assunto por diversos países, como o Brasil e os Estados Unidos.
A fim de enriquecer a discussão, foram convidados o doutor em Ética Aplicada às Ciências Clínicas pela Universidade de Sherbrooke, no Canadá, e professor do Departamento de Saúde Coletiva e do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Brasília (UnB), Cláudio Lorenzo, e a presidente do Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e professora da Faculdade de Medicina da UFRJ, Marisa Palácios. O evento foi promovido pelo Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (NETHIS), pelo Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), e foi realizado no Auditório do Bloco Educacional da FIOCRUZ Brasília.
Ao longo de sua apresentação, Cláudio Lorenzo traçou um panorama dos conflitos que envolvem a pesquisa clínica no plano internacional e propôs uma reflexão acerca dos sistemas de regulação ética de pesquisas envolvendo seres humanos em diversos países da América Latina. O professor também fez duras críticas ao modo como as pesquisas clínicas são conduzidas pelas grandes empresas farmacêuticas e as estratégias de marketing adotadas para inserção de medicamentos no mercado. “Os interesses científicos desse complexo tecnológico-industrial centram-se no controle das doenças, e não em sua cura”, afirmou.
Claudio apontou ainda pontos positivos e negativos em relação à saída da pesquisa clínica no meio universitário e sua inserção na produção de mercado. “A produção em escala industrial possibilitou maior distribuição nos estados, ampliou o potencial de distribuição, porém, contribuiu para distribuição desigual dos benefícios em diferentes países, se compararmos o caso da África com o dos Estados Unidos”, explicou, além de apresentar dados que mostram a atividade das empresas farmacêuticas como a mais rentável do mundo.
Durante o debate, Marisa Palácios seguiu a mesma linha apresentada por Cláudio e criticou o modo que é feita a maioria das pesquisas clínicas atualmente. A professora defendeu ainda uma maior regulação das pesquisas feitas com seres humanos para que não haja riscos durante a realização de testes. Sobre a realização do evento, Marisa elogiou a iniciativa. “O Ciclo de Debates e o formato proposto é absolutamente fantástico”, disse. “O Nethis é um projeto que a gente gosta muito e tem cada vez mais conseguido contato com países da África e da América Latina. Este tema ajuda a estimular o estudo da bioética no sentido de proporcionar a regulação das pesquisas”, complementou Claudio.
FONTE: Fiocruz Brasília. Disponível em:<http://www.fiocruz.br/fiocruzbrasilia/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=718&sid=6>. Acesso em: 28/04/2011