Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Ética na pesquisa com seres humanos é tema de debate

Notícia publicada em:

  • 11 de junho de 2012

Mesa-redonda com pesquisadores da área da Bioética acontece na próxima sexta, 15 de junho, no auditório do Hospital Brasília. O encontro, aberto à comunidade, é promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e pela Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília.

Na maioria dos países, assim como no Brasil, existem leis que especificam como os médicos e pesquisadores devem lidar com as questões éticas no atendimento ao paciente e nas pesquisas. Além disso, como a lei, a ética se difere em cada país ou cultura. Para discutir o assunto, na próxima sexta-feira, 15 de junho, haverá uma mesa-redonda sobre ética na pesquisa com seres humanos no contexto do século XXI. Será no auditório do Hospital Brasília, às 19 horas.

O objetivo do encontro é atualizar e promover o debate entre a situação da ética na pesquisa no padrão internacional e nacional.“A ética indica padrões mais elevados de comportamento que faz com que a lei e as autoridades reguladoras possam punir os médicos e pesquisadores por violações éticas. Muitos profissionais e estudantes não têm conhecimento de potenciais problemas éticos que podem surgir nas suas intervenções e pesquisas”, alerta Kátia Tôrres, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Distrito Federal.

Volnei Garrafa, coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB), conduzirá o debate com um panorama internacional da ética em pesquisas. Ele explica que em 2008, o Brasil deixou de assinar um documento internacional, a Declaração de Helsinque, do qual fazia parte desde 1964. Esse documento reúne princípios éticos sobre a pesquisa com seres humanos e foi redigido pela Associação Médica Mundial. Em sua última revisão, resoluções ditadas pelos Estados Unidos e países da Europa, fizeram o Brasil desistir de continuar a seguir a declaração.  

A primeira diz respeito ao duplo standard em pesquisa, ou seja,  um padrão que diferencia a metodologia de acordo com a economia do país em que a pesquisa está sendo desenvolvida. Em países ricos, a metodologia é mais segura, já os países pobres têm padrões mais flexíveis, visando a maximizar os lucros das empresas patrocinadoras. “A permissão frouxa do uso do placebo, por exemplo, favorece a redução dos custos das empresas em detrimento da segurança dos sujeitos de pesquisas. O Brasil não concorda com isso”, explica Volnei. “Nós entendemos que os sujeitos não são objetos, mas seres humanos que devem ser respeitados em sua dignidade”, finaliza Volnei.

Para falar sobre o sistema brasileiro da avaliação ética da pesquisa, Cláudio Lorenzo, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, fará uma defesa da estrutura do sistema de Comitês de Ética em Pesquisa (CEP), e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), sobre a sua independência e seu vínculo com o Conselho Nacional de Saúde (CNS), instância maior de controle social do Sistema Único de Saúde (SUS). “Reconheço esta estrutura como a forma mais adequada de garantir à sociedade brasileira o acompanhamento das pesquisas que são realizadas no Brasil e uma maior vigilância na proteção dos sujeitos de pesquisa”, disse.

Ele aponta críticas ao sistema no que se refere à fundamentação teórica de sua concepção, uma vez que a proteção à saúde dos usuários do SUS não é vista pelo sistema como uma ação de saúde coletiva, e por isso, o Sistema CEP-CONEP não está integrado ao SUS. “Apenas orbita em torno dele”, argumenta Cláudio.

Outra análise é sobre a gestão do sistema, que vem sendo feita com recursos limitados e outras vezes mal aplicado. Consequência disso é a precarização e sobrecarga de trabalho dos técnicos – responsáveis pelas notas técnicas sobre os protocolos – dificuldade de comunicação entre grupos de pesquisa e CEP com a CONEP, atrasos constantes e longos na avaliação de trabalhos. “A manutenção desse padrão de gestão, supostamente para legitimar seu vínculo ao controle social, permite na verdade o surgimento e manutenção de alguns graves problemas administrativos”, avalia.  “A situação atual do sistema, não condiz com as necessidades de um país responsável por 60% da produção científica da América Latina e seu desmantelamento serve apenas aos interesses da grande indústria”, completa Cláudio.

Além de Volnei Garrafa e Cláudio Lorenzo, participará da mesa Natan Monsores, professor do departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética regional Distrito Federal, para falar sobre o termo de consentimento livre-esclarecido, que estabelece o respeito à autonomia dos indivíduos pesquisados. Lydia Masako, professora de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo, será a debatedora da mesa. O pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis), Thiago Cunha, participará como secretário do evento.

Confira mais informações pelo Currículo Lattes dos pesquisadores:
Cláudio Lorenzo
Volnei Garrafa
Natan Monsores
Lydia Masako