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Com a redução de recursos econômicos, a “cooperação micro” – promovida individualmente por órgãos e entidades públicas – manterá a cooperação brasileira em atividade. Foi o que sustentou o diretor do escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) em Brasília, Carlos Mussi, durante o X Ciclo de Debates: Cooperação Internacional na América Latina. A representante da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, Socorro Gross, coordenou a mesa – realizada em 27 de junho, no auditório interno da Fiocruz Brasília.
Segundo ele, em função do alcance delimitado, essas ações tendem a ter orçamento e continuidade assegurados. “Apesar de geralmente não levarem a identidade do país, e sim da instituição envolvida, são mais estáveis”. De acordo com Mussi, desde o governo de Dilma Rousseff, há uma adequação das atividades de cooperação à disponibilidade de recursos econômicos.
Mussi avalia que independentemente de quais posições forem adotadas nas políticas externa e governamental brasileira, instituições como a Fiocruz conseguirão manter viva a cooperação Sul-Sul em razão da demanda permanente por novas tecnologias e por bons serviços públicos. “Haverá sempre um nicho para cooperação em áreas especializadas, como é o caso da saúde”.
Fiocruz e Opas/OMS
Socorro Gross destacou a relação entre a Fiocruz e a Opas, instituições centenárias que trabalham com saúde. Ela lembrou que antes do surgimento do conceito de cooperação Sul-Sul, a Organização promovia ações de cooperação internacional em países do Sul Global. “É necessário pensar a cooperação a partir da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Não podemos esquecer da importância da capacitação em pesquisa voltadas para a promoção do desenvolvimento global”, disse.
Convergência entre agendas
A partir das agendas da saúde e do desenvolvimento econômico-social, quais caminhos a Fiocruz, a Opas/OMS e a Cepal podem convergir para fortalecer a atuação conjunta? Foi com esse propósito que a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, recebeu os representantes da Opas e da Cepal após o Ciclo de Debates.
Como atividade proposta pela Presidência da Fiocruz, a 3ª Feira de Soluções para a Saúde, que acontecerá no Ceará, entre 16 e 19 de outubro, foi a principal agenda da reunião. Edições anteriores da Feira de Soluções foram realizadas em Salvador, na Bahia, e em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
“As soluções industriais, sociais e de serviços para a saúde dão um caráter nacional e internacional ao evento, visto que nele são debatidas e divulgadas respostas para desafios globais de saúde pública”, explicou Fabiana Damásio. Nas Feiras, pesquisadores, movimentos sociais e instituições públicas e privadas são convidados a apresentar suas iniciativas nos mais diversos formatos. Confira aqui os destaques das edições anteriores do evento.
Segundo Mussi, a Cepal tem proximidade aos temas que são discutidos no evento. “Temos uma agenda interessante em tecnologia digital, inclusive com trabalhos em telemedicina e esses estudos podem ser compartilhados”, disse. Ele sugeriu o estabelecimento de parceria entre a Escola de Governo Fiocruz Brasília e agências da Organização das Nações Unidas (ONU) para promoção de projetos que envolvam a Agenda 2030.
A representante da Opas/OMS ressaltou a importância da promoção de atividades em ciência e tecnologia que favoreçam o engajamento de jovens. “Apesar de ser difícil despertar o interesse deles, a perspectiva dos jovens traz consigo importante componente de inovação para a saúde”, disse.
As Feiras de Solução para a Saúde surgiram do projeto Plataforma de Vigilância de Longo Prazo para Zika vírus e microcefalia no âmbito do SUS, conduzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs) da Fiocruz e pela Fiocruz Brasília.