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O uruguaio Kintto Lucas foi designado no mês passado diretor do Centro de Comunicação e Informação (CCI) da Secretaria-Geral da Unasul. Inaugurado em junho, o centro foi celebrado pelo Secretário Alí Rodríguez como um importante passo para a integração sul-americana. A estruturação do CCI contou com a participação do ISAGS e do Centro de Estudos Estratégicos em Defesa da Unasul (CEED). Em entrevista ao Informe ISAGS, Kintto Lucas falou sobre os objetivos do CCI e a importância da comunicação estratégica para a consolidação do bloco.
Na inauguração do CCI, em junho, o Secretário-Geral Alí Rodríguez o definiu como “um passo para a integração sul-americana”. Qual a importância do centro nesse sentido?
O Centro de Comunicação e Informação da Secretaria-Geral conecta por meio de tecnologia de ponta todas as instâncias da Unasul, permitindo que sejam feitas reuniões em videoconferência e outras ferramentas. Isso agilizará os processos nos Conselhos Setoriais, Grupos de Trabalho e outras instâncias e permitirá o acompanhamento permanente de políticas comuns, acordos, projetos que vão tecendo a unidade de nossas nações e fortalecendo a região.
Que princípios devem orientar uma estratégia de comunicação alinhada aos objetivos da Unasul?
O princípio fundamental é o da democratização da comunicação, que está vinculado com a necessidade de uma política de comunicação integrada e integradora. Que tenha como objetivo fundamental fortalecer a integração em todos os âmbitos. Uma política integrada e integradora pode, além disso, abrir o debate em todos os países da América do Sul sobre o significado da integração e os benefícios de consolidar a Unasul em um mundo de blocos.
O CCI desenvolve um trabalho de armazenamento e gestão de documentos. Que papel deve cumprir a gestão documental e de dados estratégicos no projeto da Unasul?
Está sendo realizada uma recuperação de toda a memória histórica da Unasul, organizando toda a documentação que é fundamental porque é a base do projeto estratégico de integração da América do Sul que irá se consolidar com o fortalecimento da Unasul. Para fortalecer e construir um futuro integrador é necessário recuperar e partir do passado integrador. É fundamental que essa documentação esteja ao alcance das universidades e instituições e organismos vinculados com a integração, e também dos próprios meios de comunicação. Além dessa recuperação de dados e indicadores necessários para consolidar o processo integrador. Por outro lado, há a necessária vinculação do CCI com as universidades da América do Sul, estabelecendo vínculos em nível acadêmico, realizando atividades conjuntas e trabalhando no posicionamento da integração sul-americana em nível universitário e educativo em geral. Devemos criar uma cultura de integração.
Que importância têm o ISAGS e o Centro de Estudos Estratégicos de Defesa para a Unasul e como podem complementar a estratégia de comunicação do CCI?
Ambos são parte fundamental da Unasul porque fornecem à integração bases fundamentais para a elaboração de política públicas comuns nas áreas em que trabalham. O ISAGS aporta à Unasul a geração de conhecimento para ir consolidando uma melhor qualidade das políticas de saúde em nossos países, das políticas comuns. Portanto, realiza um aporte fundamental para melhorar a saúde da população da América do Sul. O CEED está contribuindo com análises, estudos e bases teóricas necessárias para consolidar uma política estratégica em defesa desde a América do Sul, desde uma perspectiva comum de nossos países. É uma instância necessária para a América do Sul, mas antes por diferentes interesses era impossível de implementar, então assumíamos uma estratégia comum de defensa com os olhos de potências estrangeiras. E no que diz respeito à comunicação, devemos estabelecer uma política de comunicação integradora entre os centros e o CCI e consolidá-la no médio prazo.
Como você avalia a atuação e o crescimento da Unasul nesses cinco anos desde sua criação e quais são os seus principais desafios para os próximos anos?
A Unasul é a proposta mais importante de integração que envolve toda a América do Sul. Surgiu como uma proposta de integração desde o político, levando adiante ações para solucionar conflitos, consolidar uma perspectiva de defesa da democracia, fortalecer política de defesa e sociais integradoras e, inclusive, posicionando-se como um bloco a ser levado em conta em nível mundial no desenvolvimento de um mundo de blocos. É o bloco que, para além das diferenças políticas ou de políticas econômicas entre os países que o integram, tem conseguido constituir-se como espaço de acordos e entendimentos desde a diversidade e tem gerado um processo integrador diferente. A Unasul tem demonstrado que, dentro das diferenças, pode chegar a certos acordos que partem de um ponto central: para competir, para ser ouvido em um mundo de blocos, temos que participar como um todo mais compacto e poderoso desde toda a América do Sul.
Agora é necessário afiançar a União como bloco de poder e interlocução mundial. Dentro desse processo é fundamental afirmar a institucionalidade de suas diferentes instâncias, e particularmente da Secretaria-Geral. É fundamental fortalecer e consolidar os Conselhos com planos de gestão e olhar estratégico. É necessário também afirmar a gestão da Unasul desde a Secretaria, para reforçar as ações do bloco em nível regional e mundial. Para isso, devem ser elaborados objetivos de curto, médio e longo prazo, com uma agenda que permita chegar a esses objetivos produzindo um salto qualitativo na gestão e um posicionamento maior da União, potencializando também as alianças econômicas, comerciais, políticas, sociais e culturais.
Néstor Kirchner lançou as bases políticas da Secretaria. Depois María Emma Mejía e Alí Rodríguez fortaleceram o processo institucional. Alí Rodríguez, além disso, proporcionou uma base teórico-prática à Unasul com sua proposta sobre os recursos naturais como eixo integrador. Agora estamos em outro momento histórico e a conjuntura exige consolidação institucional definitiva e projeção da União em direção a um mundo de blocos.