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As homenagens ao cientista Frederico Simões Barbosa, realizadas dentro da comemoração dos 66 anos da Fiocruz Pernambuco, foram encerradas na tarde da última sexta-feira (02/09), com o painel “Saúde Pública”. Para falar da relação de Frederico – era assim que ele gostava de ser chamado – com esse campo da ciência foram convidados o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) Carlos Coimbra; o ex-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) José Carvalheiro, o pesquisador da Fiocruz Brasília José Paranaguá; a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Heloísa Mendonça e a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, Nísia Trindade.
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Heloísa Mendonça, da UFPE, destacou que o pensamento e atuação de Frederico podem ser analisados tanto sob o marco do desenvolvimento da medicina social quanto da saúde coletiva. Era mestre na política, além de intelectual comprometido com as causas sociais. Heloísa também indagou o que pensaria Frederico quanto aos constrangimentos que vem sendo impostos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e disse acreditar que ele estaria “muito apreensivo”. “De um lado pela destruição do sonho de milhares de brasileiros que acreditaram no avanço de um sistema de proteção social. De outro, estaria altivamente solidário com todos os trabalhadores da saúde coletiva que entendem estar vivendo o Brasil um processo de violenta ruptura constitucional”, explicou.
Para José Paranaguá (foto), da Fiocruz Brasília, é impossível dissociar a persona de Frederico Simões Barbosa, separando o educador, o parasitologista, o sanitarista e o cientista. “Frederico era um ser quântico, no sentido do que foi batizado pelos físicos no começo do século passado. Eles afirmavam que a natureza se comporta dependendo das circunstâncias: ora partícula ora onda. Frederico se comportava como parasitologista ou sanitarista, educador ou pesquisador dependendo do que tinha a fazer.” Paranaguá trabalhou no projeto docente-assistencial coordenado por Barbosa, em Planaltina (DF), quando este era professor da Universidade de Brasília. A proposta do projeto era implantar um trabalho de educação em saúde compatível com as necessidades da população.
Vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, Nísia Trindade (foto) se disse surpresa com as obras de Frederico, que têm forte conteúdo político e social. Ela o definiu como um homem de “forte coragem e moral” e destacou como inovadora a ação do pesquisador pernambucano de envolver a comunidade no controle da esquistossomose. Frederico realizou um estudo de campo em Pontezinha (PE), considerado pioneiro, enfatizando ações de saneamento básico e de desenvolvimento da comunidade para controle da doença transmitida por caramujos. Nesse trabalho também suspendeu o uso de moluscicidas, que acreditava ineficaz no combate à doença e tóxico para os humanos.
José Carvalheiro, ex-presidente da Abrasco, falou da passagem de Frederico pela instituição que ajudou a fundar e da qual foi o primeiro presidente. Já Carlos Coimbra ressaltou aspectos do pesquisador que foi o primeiro diretor da Fiocruz PE e da influência do mesmo em sua vida.
Fonte: Fiocruz Pernambuco.