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Tema: Tecnologias da saúde: ambivalências e potencialidades
Expositor: Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza
Ementa:
O modelo de atenção à saúde no Brasil pode ser caracterizado pelo predomínio de práticas individualistas, biologicistas, curativistas e hospitalocêntricas, apesar da integralidade ser um dos princípios do SUS. Talvez a explicação das dificuldades de transformação das práticas de atenção resida no padrão de relacionamento e atuação do complexo econômico-industrial da saúde. Na sua atual configuração, o complexo econômico da saúde negligencia o investimento em tecnologias de promoção da saúde e prefere reproduzir e expandir a lógica de atendimento sintomático e curativo, baseado no consumo de procedimentos.
Essa configuração atende, certamente, aos interesses econômicos dos produtores e fornecedores de insumos de saúde – medicamentos e equipamentos médico-hospitalares. Todavia, como justificar a sua hegemonia se a sociedade considerasse que se trata de um modelo inadequado? Ou que existem alternativas?
De acordo com Andrew Feenberg, filósofo da tecnologia e professor da British Columbia University, se o modelo de civilização industrial das sociedades contemporâneas é determinado por um padrão tecnológico que valoriza a eficiência econômica e a busca do lucro privado, é possível pensar em outros padrões, baseados em novos valores como a eficiência social e a solidariedade. As atuais tecnologias comportam ambivalências e potencialidades que permitem sua readequação a esses novos valores.