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Na mesa redonda “Bioéticas, Poderes e Injustiças”, realizada em 8 de setembro no IX Congresso Brasileiro de Bioética, o Professor Soren Holm da Universidade de Manchester externou suas reflexões sobre a politização da agenda bioética internacional.
Segundo o Professor Volnei Garrafa, presidente do congresso ora realizado, o propósito dessa sessão com o mesmo tema do sexto Congresso Mundial de Bioética ocorrido em Brasília há quase 10 anos, foi discutir o que mudou ao longo desse período.
Professor Soren destacou os dois itens da agenda da bioética global que, a seu ver, desenvolveram-se fortemente no percurso dessa década. Por um lado a bioética clínica, por meio da identificação, análise e resolução de situações de conflito ou dilemas morais, que angariou aceitação social e conquistou lugar de influência nos sistemas de saúde. Por outro lado a ética da saúde, que se tornou mais critica e atuante nas questões relacionadas às políticas desse setor, especialmente na área de doenças transmissíveis.
Contudo, na avaliação desse renomado bioeticista, não houve progressos convincentes no campo da justiça social, no tocante a mudanças na alocação de recursos: “É preciso uma melhor identificação das responsabilidades. Nós não necessitamos de justificativas filosóficas, nós precisamos de ações!” O conferencista apontou ainda a razão pela qual não houve progresso em termos de justiça: “[…] a alocação de recursos é uma questão política.”
A preocupação central do Professor Soren para os próximos dez anos é que a bioética se torne muito poderosa na condução de processos vinculados com a profissão médica e as pesquisas farmacêuticas. Como conclusão, alertou para o que considera um grande risco para os acadêmicos da área, serem utilizados para justificar as posições e apoiar as causas desses setores: “a bioética pode se transformar em um jogo acadêmico, o qual pode ser perigoso para o mundo real”.
Esse é um tema relevante para o Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde, pois situa a discussão dos dilemas bioéticos da atualidade na dimensão do processo de globalização que desafia a saúde na escala de valores em torno dos direitos humanos universais.