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Com o propósito de alcançar o melhor uso possível da inteligência artificial na saúde deve-se colocar a melhoria da saúde e o bem comum como objetivos explícitos no desenvolvimento dessas ferramentas tecnológicas. Foi a partir desse referencial que Felix Rigoli, consultor sênior do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz Brasília) e pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (Cepedisa) da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), ministrou a aula inaugural da disciplina sobre inteligência artificial e desigualdades em saúde no dia 12 de agosto.
Para discentes da Escola de Governo Fiocruz Brasília, da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Rigoli destacou a necessidade dos governos assumirem o protagonismo na implementação de marcos regulatórios a fim de proteger as populações dos riscos que envolvem a utilização dessas ferramentas, sobretudo no campo da saúde. De acordo com ele, há um crescente número de estudos que apontam a possibilidade da inteligência artificial aumentar as desigualdades sociais.
A utilização dessas novas ferramentas, segundo o pesquisador do Cepedisa, tem o potencial de expandir o alcance dos serviços de saúde como ocorre, por exemplo, na realização de consultas médicas, por meio do teleatendimento, em regiões remotas e de difícil acesso. A inteligência artificial pode trazer ainda benefícios para a consolidação de tendências globais em doenças transmissíveis e emergências de saúde pública, entre outros ganhos para a saúde coletiva e individual.
“A inteligência artificial traz importantes aplicações e benefícios à saúde que só são possíveis por causa dessa tecnologia. O ponto central da disciplina é pensar em quais salvaguardas éticas devemos estar atentos para que a inteligência artificial seja uma parte da superação das desigualdades” – Felix Rigoli, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da FSP/USP .
O coordenador do Núcleo de Estudos, José Paranaguá de Santana, iniciou as reflexões da aula trazendo a contradição existente entre o avanço científico e tecnológico alcançado pela humanidade e as crescentes desigualdades que impedem populações mais pobres de vivenciarem os benefícios do progresso. “Embora tenha ocorrido progresso nos campos científico e tecnológico, as desigualdades em saúde têm persistido independente do grau de desenvolvimento alcançado na história”, disse Paranaguá.
Ele apresentou a base conceitual do Nethis/Fiocruz Brasília utilizada para orientar as atividades educacionais da disciplina Desenvolvimento, Desigualdades e Cooperação Interacional, que, a cada semestre, propõe temas diferentes de estudo a partir das sessões do Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública.