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Victor Martins/Esp. CB/D.A Press – 6/3/08 A abobrinha é o alimento que mais apresentou irregularidades |
Levantamento divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) feito com um grupo de alimentos (veja quadro) mostra que 25% deles contêm irregularidades em relação ao uso de agrotóxicos. Das 1.397 amostras analisadas, em 21% foram detectados o uso de substâncias não autorizadas para o cultivo, 1,9% apresentou resíduos de produtos em nível acima do limite aceitável e 1,9% teve ambos os problemas. Entretanto, a Anvisa considerou 75% do material satisfatório e 33% não tinham traços de pesticidas, fundicidas ou afins.
Os dados são do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), realizado desde 2001. No estudo, que traz resultados de análises feitas em 2012, o alimento que apresentou o maior índice de irregularidades foi a abobrinha. De 229 amostras da verdura, 45% estavam com agrotóxicos não autorizados para a cultura e 2,2% tinham nível acima do permitido. Em segundo lugar, aparece a alface, que teve 45% das 240 amostras reprovadas.
Em nenhum dos alimentos foi constatada a presença de agrotóxicos proibidos, mas havia resquícios de produtos que foram posteriormente desautorizados. “É preciso avaliar mais para ver se não há essas substâncias no Brasil”, disse a superintendente de Toxicologia da Anvisa, Sílvia Cazenave.
As informações divulgadas ontem complementam a análise de outros alimentos feita em 2012 com abacaxi, arroz, cenoura, laranja, maçã, morango e pepino. Para eles, o índice de amostras insatisfatórias ficou em 29%. De acordo com Sílvia, o objetivo do monitoramento é prevenir que o consumidor e, principalmente, o trabalhador se exponha a um nível exagerado de agrotóxicos, que pode causar intoxicações. “Os limites (de ingestão) são calculados considerando a dieta das pessoas. Pouco agrotóxico em determinado alimento pode significar uma ingestão maior por ser mais consumido do que outro com menos”, diz.
O médico sanitarista do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) Heleno Rodrigues Corrêa Filho, entretanto, analisa que o problema vai além das irregularidade, mas se concentra na simples presença do produto. “O fato de encontrar agrotóxicos, seja 1% ou 50%, do ponto de vista de saúde pública e do consumidor, é que estamos comendo o que não deveríamos. O traço da substância pode exercer efeito que nenhum exame clínico pode detectar e não relacionam com doenças degenerativas e aparecimento de câncer na população jovem”, avalia. Para Corrêa, é necessário que se invista na formação dos agricultores, principalmente o familiar, para que ele aprimore as técnicas de cultivo sem os produtos.
Análises insatisfatórias
Veja os índices de uso irregular de agrotóxico nos alimentos analisados pela Anvisa:
Amostra Uso de agrotóxicos não autorizado para a cultura
Abobrinha 229 45%
Alface 240 39%
Feijão 245 4,1%
Fubá de milho 208 1%
Tomate 246 11,4%
Uva 229 25%
Total 1.397 21%
Uso acima do limite Ambos* Total irregular máximo autorizado
Abobrinha 2,2% 0,4% 48%
Alface 0,8% 5% 45%
Feijão 1,6% 1,6% 7,3%
Fubá de milho 1,9% 0% 2,9%
Tomate 2,4% 2% 16%
Uva 25% 2,2% 29%
Total 1,9% 1,9% 25%
*Uso irregular para a cultura e acima do limite permitido
Fonte: Correio Braziliense.