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Para os convidados da edição de agosto do II Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública, o país precisa formalizar uma área de cooperação técnica internacional
O Brasil precisa estruturar e formalizar uma área de cooperação técnica internacional. A ideia foi defendida pelo professor da UnB, José Flávio Sombra Saraiva, e pelo 1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital Corrêa Lima, durante a edição de agosto do II Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública, realizada no último dia 30, na FIOCRUZ Brasília. Os dois convidados falaram sobre o tema Cooperação Sul-Sul no início do século XXI: cenários, possibilidades e precauções, a mesa foi mediada pelo coordenador do Núcleo de Estudos em Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis), José Paranaguá.
José Flávio Sombra Saraiva (UnB), José Paranaguá (Nethis) e Carlos Vital (CFM)
Para os palestrantes, essa “desorganização” tem impossibilitado a promoção da articulação entre as organizações brasileiras privadas ou públicas que operam em um mesmo país, dimensionar o gasto real com as cooperações – em que a grande maioria é custeada com recursos públicos –, mensurar resultados e efetividade, entre outros. Corrêa Lima considera fundamental contribuir com outros povos, “mas com eficácia e verificando em que a cooperação de fato os ajuda”, afirmou. Sombra Saraiva adverte que, em médio prazo, essa desorganização pode fazer com que os países cooperantes abdiquem da ajuda brasileira.
Durante sua apresentação, Sombra Saraiva abordou o surgimento da cooperação internacional após a 2ª Guerra Mundial e o modelo Norte-Sul. O professor falou também sobre a criação de bancos e organizações de fomento e desenvolvimento, como o Banco Mundial e Banco Interamericano, e sobre o surgimento do modelo sul-sul, momento em que destacou a ocorrência de um deslocamento significativo nas contribuições para o crescimento econômico global.
Segundo Sombra Saraiva, entre 1990 e 2000, os países integrantes do G-7 – EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá – contribuíram com 41,1% do crescimento global, e os países integrantes do BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com 32,2%. Nos anos 2000-2008, houve uma inversão significativa: a contribuição dos BRICs subiu para 46,3% e a do G-7 caiu para 19,6%. A previsão do Banco Mundial é que no período entre 2009 e 2014, a participação do BRICs chegue a 61,3% e a do G-7 desça a 12,8%.
A cooperação técnica brasileira tem se orientado por “uma visão de paz” e apoio ao desenvolvimento de países fronteiriços, observou Sombra Saraiva. Em 2009, as principais áreas de envolvimento do Brasil em acordos de Cooperação Sul-Sul foram agricultura (19%), indústria (16%), saúde (14%), educação (11%), meio ambiente(6%) , segurança (6%) e administração pública (4%).
Por Valéria Vasconcelos Padrão – Publicado em 30 de agosto de 2012