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“No campo da democracia, a ética tem o papel fundamental de buscar a fusão, sempre instável, da contradição que existe entre indivíduo e sociedade, entre subjetividade e objetividade, entre o mundo da vida e o sistema.” A frase é do médico e sanitarista Edmundo Granda Ugalde e pode ser encontrada em um dos artigos do autor que compõem a trilogia Saúde e Vida, agora disponível na Internet.
Para Granda, a “ética é o eixo permanente do empenho da democracia, que busca que a objetividade estruturada enquanto sociedade ganhe subjetividade expressa como liberdade e felicidade, a fim de alcançar uma democracia que, como dice Touraine, ‘não é definida pelo consenso ou pela participação, mas sim pelo respeito às liberdades e à diversidade’” – trecho do artigo Ética nas práticas de saúde como possibilidade de construir cidadania.
Já em Saúde: globalização da vida e da solidariedade, o sanitarista equatoriano considera que “as palavras vida, ética, política e solidariedade provavelmente continuam sendo as velhas companheiras dessa viagem pelo desfiladeiro escuro e perigoso da globalização. A vida natural se encontra globalizada há milhões de anos, mas os seres humanos não podemos globalizar plenamente nossa vida social se não dermos destaque a uma ética política que gere solidariedade”.
Os dois artigos estão reunidos em Saúde e Vida. A trilogia recupera parte da produção literária de Granda, que representa a diversidade de pensamentos, percepções e sensibilidades do médico, no que diz respeito aos recursos humanos em saúde, à bioética, à metodologia de pesquisa, aos profissionais de saúde e ao amplo campo da promoção da saúde. O objetivo da publicação é resgatar parte da história da saúde pública equatoriana e latino-americana.
O primeiro volume aborda a sistemática exploração que Edmundo Granda fez sobre a produção científica e filosófica mais relevante no campo da saúde coletiva, da saúde pública e da medicina social para obter respostas comprometidas. Nos outros dois volumes, é possível encontrar textos da década de 1980 dedicados à comunicação, documentos sobre políticas saudáveis datados da década de 1990 e, de 2000, artigos sobre ética, remédios tradicionais, gênero e saúde.
Além de médico e sanitarista, Granda foi sociológo e filósofo e lutou incansavelmente pelo direito à saúde das pessoas, passando pela bioética e pela medicina social, um novo conceito que fazia questão de usa. A sobriedade, presente em trabalhos e publicações, foi uma constante em sua vida. Ele não se limitou a lutar penas em seu país natal, Equador, mas em toda a América Latina, o que revela sua preocupação com a internacionalização da saúde e os desafios da saúde pública no mundo globalizado.