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Formação de recursos humanos e subfinanciamento foram os principais desafios apontados pelos participantes do Congresso de Medicina Tropical
É preciso incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) processos educativos que tenham excelência técnica e relevância social. Aquilo que não for socialmente relevante, não pode ser excelente tecnicamente. A afirmação é do secretário-executivo da UNA-SUS, Francisco Campos, dita durante a mesa redonda 25 anos do Sistema Único de Saúde (SUS): Conquistas e Desafios, realizada no último dia 8, no XLIX Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em Campo Grande (MS).
De acordo com Campos, há uma completa falta de correlação entre a realidade de saúde e as residências médicas, e o diálogo entre saúde e educação – marco da UNA-SUS – é imprescindível para a melhoria do Sistema. “É importante que se tenha também a formação educacional próxima ao serviço de atuação, ou mesmo sem sair dele. Cerca de 80 mil ingressos já passaram pela UNA-SUS, os cursos têm tido alta adesão”, ressaltou.
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, que estava na plateia, foi chamado para falar sobre os desafios do SUS. Ele recomendou a leitura do livro Saúde no Brasil em 2030 – Diretrizes para Prospecção Estratégica do Sistema de Saúde Brasileiro (disponível aqui). “A publicação aponta que a nossa população estará envelhecida e haverá uma transformação no modelo de assistência em saúde. O SUS terá que mudar radicalmente”, disse.
O livro apresenta um cenário otimista sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e 10% (cerca de 560 milhões) destinados à saúde não seriam capazes de dar conta do modelo de cobertura integral. “Com subfinanciamento não há possibilidade de sustentar o SUS”, disse o presidente. A Fiocruz é uma das instituições que lidera o Movimento Saúde + 10, responsável por elaborar uma proposta de Projeto de Lei que reivindica 10% da receita corrente bruta (RCB) da União para a saúde. O PL foi entregue à Câmara dos Deputados no dia 5 de agosto.
Também participaram da mesa a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade, e o consultor da UNA-SUS, Renato Gusmão.