Estudo classifica doenças infecciosas como tema de segurança internacional

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  • 6 de janeiro de 2015

“Assim como as guerras, as doenças infecciosas não são problemas novos para o homem”. É com esse argumento que o pesquisador do Nethis Felipe Baptista conduz as primeiras linhas de sua pesquisa de mestrado em defesa da relação entre os campos da saúde e das relações internacionais.

O estudo “Governança de Novas Dimensões de Segurança Internacional: doenças infecciosas emergentes” é o primeiro estudo brasileiro, no campo das Relações Internacionais, a classificar as doenças infecciosas emergentes como uma questão de segurança. E segundo sobre saúde nos 30 anos do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Irel/UnB).

defesa FELIPE BAPTISTA

Da esquerda para direita: José Paranaguá (Nethis/Fiocruz), Antônio Jorge Ramalho (Irel/UnB), Felipe Baptista (Nethis/Fiocruz), Cristina Inoue (Irel/UnB) e José Agenor Álvares (Fiocruz Brasília). Banca de defesa do mestrado

Baptista explica que há grande dificuldade em prever quando surgirão “novas” doenças infecciosas ou doenças infecciosas “emergentes”, pois se originam de vírus, bactérias e outros microrganismos incontroláveis. A Influenza A H1N1 é um exemplo. Surgiu em 2009 e impôs às autoridades sanitárias internacionais o desafio de conter a epidemia. “Não há como abordar essas doenças à parte da agenda da segurança internacional e a bibliografia comprova isso”, afirma o pesquisador.

Tradicionalmente, as doenças infecciosas são entendidas como um risco à segurança internacional ao constituírem ameaças aos Estados. O pesquisador defende que essa abordagem é insuficiente, visto que as epidemias e surtos de doenças infecciosas são um problema para a estabilidade socioeconômica, para a operação dos organismos internacionais e para os indivíduos e grupos específicos. “Existem outras abordagens. Na pesquisa, detalho as diversas possibilidades dessa análise”, ressalta.

O estudo apresenta um panorama sobre como se desenvolveu a governança internacional das doenças infecciosas emergentes a partir das duas versões (1969 e 2005) do Regulamento Sanitário Internacional – único documento internacional sobre o tema. Essa norma da saúde pública foi analisada com a ferramenta teórica de relações internacionais proposta por Oran Young.

Além do documento, o pesquisador apresenta diversos atores – estados, organismos internacionais, instituições filantrópicas, empresas privadas, organizações não governamentais, entre outros – e políticas que atuam na esfera da governança das doenças infecciosas emergentes.

“Estudos como esse mostram que saúde e relações internacionais precisam se aproximar. Ambos sairiam beneficiados. Há uma sobreposição de agendas e de políticas que deveriam ser discutidas em conjunto por acadêmicos e gestores”, afirma o orientador da pesquisa, Antônio Jorge Ramalho, professor do Irel/UnB e diretor do Instituto Pandiá Calógeras do Ministério da Defesa.

Acesse o currículo de Felipe Baptista.