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“Assim como as guerras, as doenças infecciosas não são problemas novos para o homem”. É com esse argumento que o pesquisador do Nethis Felipe Baptista conduz as primeiras linhas de sua pesquisa de mestrado em defesa da relação entre os campos da saúde e das relações internacionais.
O estudo “Governança de Novas Dimensões de Segurança Internacional: doenças infecciosas emergentes” é o primeiro estudo brasileiro, no campo das Relações Internacionais, a classificar as doenças infecciosas emergentes como uma questão de segurança. E segundo sobre saúde nos 30 anos do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Irel/UnB).
Baptista explica que há grande dificuldade em prever quando surgirão “novas” doenças infecciosas ou doenças infecciosas “emergentes”, pois se originam de vírus, bactérias e outros microrganismos incontroláveis. A Influenza A H1N1 é um exemplo. Surgiu em 2009 e impôs às autoridades sanitárias internacionais o desafio de conter a epidemia. “Não há como abordar essas doenças à parte da agenda da segurança internacional e a bibliografia comprova isso”, afirma o pesquisador.
Tradicionalmente, as doenças infecciosas são entendidas como um risco à segurança internacional ao constituírem ameaças aos Estados. O pesquisador defende que essa abordagem é insuficiente, visto que as epidemias e surtos de doenças infecciosas são um problema para a estabilidade socioeconômica, para a operação dos organismos internacionais e para os indivíduos e grupos específicos. “Existem outras abordagens. Na pesquisa, detalho as diversas possibilidades dessa análise”, ressalta.
O estudo apresenta um panorama sobre como se desenvolveu a governança internacional das doenças infecciosas emergentes a partir das duas versões (1969 e 2005) do Regulamento Sanitário Internacional – único documento internacional sobre o tema. Essa norma da saúde pública foi analisada com a ferramenta teórica de relações internacionais proposta por Oran Young.
Além do documento, o pesquisador apresenta diversos atores – estados, organismos internacionais, instituições filantrópicas, empresas privadas, organizações não governamentais, entre outros – e políticas que atuam na esfera da governança das doenças infecciosas emergentes.
“Estudos como esse mostram que saúde e relações internacionais precisam se aproximar. Ambos sairiam beneficiados. Há uma sobreposição de agendas e de políticas que deveriam ser discutidas em conjunto por acadêmicos e gestores”, afirma o orientador da pesquisa, Antônio Jorge Ramalho, professor do Irel/UnB e diretor do Instituto Pandiá Calógeras do Ministério da Defesa.
Acesse o currículo de Felipe Baptista.
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