“O altruísmo não prevalece nas relações entre os países”, afirma coordenador da OPAS

Notícia publicada em:

  • 6 de Novembro de 2012

Félix Rígoli debateu o tema Solidariedade versus interesses nacionais no contexto de comunidade de países

“A diplomacia e a cooperação internacional têm base no comportamento e no conjunto de relações coletivas, biológicas e psicológicas e refletem relações humanas, da pátria e da família”, observou Félix Rígoli, gerente da Área de Sistemas de Saúde e coordenador da Unidade Técnica de Recursos Humanos e das áreas de Serviços de Saúde, Medicamentos, Tecnologia e Inovação em Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).

Rígoli foi o expositor da última sessão do II Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública de 2012, realizado pelo Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz/UnB/Opas) que abordou o tema Solidariedade versus interesses nacionais no contexto de comunidade de países.

Para Rígoli, o altruísmo não prevalece nas relações entre os países, o oferecimento de ajuda espelha autointerresse ou conveniência. Quando um governo decide ajudar determinado país ele tira recursos de sua população, independente de ela querer ou não, prevalecendo o interesse político do governo. No caso do Brasil, observou que o altruísmo do estado é exercido apesar de o país ainda ter cerca de 6 milhões de pessoas carentes, na miséria.

Os grupos humanos reagem em autointeresse em situações adversas, conforme observou. O altruísmo não prevalece, por exemplo, nos campos de concentração, pois ajudar pode resultar em morte. Outro exemplo ocorreu em Uganda: a criação de um parque nacional resultou na perda de terras de uma determinada tribo e para assegurar a sobrevivência do grupo, os filhos com mais de três anos foram considerados aptos a sobreviver sozinhos.

Rígoli disse existir diversos tipos de altruísmos. Há o altruísmo obrigatório onde a solidariedade é forçada, exemplos são os sistemas previdenciários e a destinação de recursos no orçamento para cooperação internacional.  Há também o altruísmo institucionalizado quando a sociedade promove ajuda a determinados grupos, caso da reserva de assentos para idosos, grávidas e deficientes em transportes públicos.

O Ciclo de Debates sobre Bioética, Diplomacia e Saúde Pública vai para a sua terceira edição em 2013. É uma atividade mensal, que ocorre sempre na última quinta-feira de cada mês, das 8h20 às 12h, no auditório interno da FIOCRUZ Brasília. Em cada sessão, profissionais que se destacam nas áreas da Bioética, da Saúde Pública e das Relações Internacionais são convidados a conduzir as discussões. O objetivo é fomentar a reflexão e o desenvolvimento de estudos científicos no campo interdisciplinar.