Conferência aborda politização da Bioética

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  • 13 de Dezembro de 2012

A palestra do professor Jorge Cordón é a última deste ano e vai mostrar a relação dessa área do conhecimento com temas sociais e ambientais

Será realizada nesta quinta-feira, 13 de dezembro, a oitava conferência do IV Ciclo de Conferências Internacionais em Bioética da Universidade de Brasília – e a última de 2012 -, a ser ministrada pelo professor Jorge Cordón, do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Faculdade de Ciências da Saúde (FS). A palestra, que abordará o tema Relações sociais de produção e bioética, será aberta ao debate e ocorrerá a partir de 9h, no Auditório 3 da FS.

“Mensalmente, na quinta-feira da segunda semana, convidamos alunos de especialização, mestrado e doutorado em Bioética a participar de uma conferência do Ciclo – também abertas à comunidade acadêmica em geral”, explica o professor Volnei Garrafa, responsável pelo encontro iniciado em 2009, meses depois da criação do Programa de Pós-Graduação.

“Revezamos os palestrantes entre professores do Programa e convidados”, diz o professor, ao acrescentar que já contou com as presenças de professores como João Arriscado Nunes, da Universidade de Coimbra; Roberto Andorno, da Universidade de Zürich; e Jan Solbakk, da Universidade de Oslo. “A conferência é também a hora do encontro entre os alunos”, diz o especialista.

Para Volnei Garrafa, a palestra desta quinta-feira é “diferente, especial, porque trata da politização da bioética” – um viés oficializado em 2005 pela Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O professor explica que a Declaração ampliou a agenda da bioética – antes muito direcionada a temas biomédicos e biotecnológicos como transplante, células-tronco, eutanásia e aborto, por exemplo –, incorporando a temas sociais (“como pobreza, exclusão social e racismo”), sanitários (“como o direito ao acesso à saúde e a medicamentos”) e ambientais (“como o direito a respirar oxigênio limpo, a beber água pura e à biodiversidade planetária”).

“O desenvolvimento científico e tecnológico, ao invés de gerar justiça, está gerando injustiça – porque é muito caro, e as pessoas mais pobres não têm acesso aos benefícios desse desenvolvimento”, explica o professor. Para o especialista, “somos hoje o sexto PIB do mundo e, paradoxalmente, temos um pé no século 21 – com desenvolvimento científico avançadíssimo – e outro no século 19”, diz.

O professor explica que os estudantes que assistirem 75% das oito palestras anuais do Ciclo de Conferências – ou seis aulas ao longo do ano – poderão escolher um dos oito temas abordados, fazer “um trabalho de cinco a dez páginas”, ganhar nota e assim receber dois créditos em uma disciplina chamada Seminários Avançados em Bioética.

“A nossa bioética é muito politizada e vem ganhando viés antropológico, social e jurídico”, diz o professor sobre o Programa de Pós-Graduação, criado em agosto de 2008 e baseado nos objetivos e princípios da Declaração da Unesco. “Temos de politizar nossos alunos, dar a eles um contexto maior sobre o paciente – e neste aspecto o Ciclo de Conferências é a cereja do bolo”, completa Volnei Garrafa, membro do Comitê Internacional de Bioética da Unesco e coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da UnB.

 Fonte: site UnB