Artigo aponta mudanças nas condições de saúde do Nordeste nos últimos 20 anos

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  • 17 de Outubro de 2014

Redução das doenças transmissíveis, queda da mortalidade infantil e o aumento das doenças crônicas são alguns dos dados apresentados no estudo inédito de Roberto Passos Nogueira, pesquisador do Ipea e associado ao Nethis/Fiocruz 

Uma análise dos indicadores referentes às transições demográfica, epidemiológica e nutricional, entre 1990 e 2010, mostra que as políticas públicas destinadas à região Nordeste contribuíram para resultados sanitários importantes – inclusive em cumprimento aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – como a redução da mortalidade infantil. Outros dados expõem o quão nocivos são os hábitos e estilos de vida da população, que resultam em fatores de risco para a incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabete e o câncer.

É o que revela o artigo “Desenvolvimento e mudanças das condições de saúde na Região Nordeste”, escrito por Roberto Passos Nogueira, pesquisador do Ipea. (leia a íntegra aqui).

Nogueira credita a redução da mortalidade por doenças transmissíveis à melhoria do acesso aos serviços de saúde. De acordo com o pesquisador, crianças que morriam por diarreia passaram a receber a reidratação, e aquelas com infecções respiratórias agudas, o tratamento com antibióticos. Outro destaque é a queda expressiva do tétano neonatal e da hanseníase, doenças ligadas à extrema miséria e às precárias condições de higiene. O tétano neonatal, por exemplo, está praticamente erradicado. 

A dengue e a Aids representam as exceções das bem-sucedidas respostas sanitárias. Houve aumento nos números de casos na comparação dos anos 2000 e 2010. Enquanto no Brasil, a Aids estabilizou (17,9 por 100 mil habitantes), no Nordeste, a incidência passou de 7,1, em 2000, para 12,6, em 2010. No caso da dengue, o crescimento do Nordeste (128 para 314 casos) acompanhou o do resto do país (64 para 514 casos).

DCNT – As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) vêm ocupando espaço cada vez maior na agenda da saúde mundial. No Nordeste, os registros mostram o aumento dos casos de óbito principalmente pelo câncer e diabete, sendo a última a maior média das cinco regiões brasileiras.

Os dados da transição nutricional – que agrega sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool, alimentos industriais ultra-processados e comidas rápidas – explicam o aumento de casos de doenças não transmissíveis. Uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou, por exemplo, que 14% da população residente em capitais brasileiras é obesa, a maioria mulheres. O dado é revelador do ponto de vista dos hábitos e estilo de vida da sociedade, já que os fatores de risco que levam à obesidade estão presentes em todas as regiões do país.

Por último, Nogueira mostra que a característica demográfica da população mudou. Houve uma “fortíssima redução da fecundidade, que, junto com a redução da mortalidade, constituem as duas razões básicas do envelhecimento da população”. Para calcular este dado, é contabilizado o aumento da proporção dos maiores de 60 anos e a diminuição dos menores de cinco anos.

Para informações detalhadas, acesse o artigo neste link.

robertoRoberto Passos Nogueira é médico, doutor em Saúde Coletiva, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pesquisador associado ao Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz)

 

 

 

 

Foto capa: pt.wikipedia.org