25º CBBD discutiu arquitetura para bibliotecas e metacompetências da profissão

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  • 10 de Julho de 2013

Alemão Klaus Werner, representante da Universidade de Berlim, enumerou 10 requisitos para o sucesso na construção de prédios e espaços que abrigam bibliotecas

Por Priscila Dalagnol

O 25º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação, já passa da metade de seu programa e, no penúltimo dia de evento, os participantes puderam conhecer diversos modelos arquitetônicos de bibliotecas construídas pelo mundo. O assunto foi tema da principal palestra do dia, quando o alemão Klaus Werner trouxe ao público “A biblioteca e seu espaço no mundo digital: requisitos para a arquitetura e design”.

O representante da Universidade de Berlim, explicou que o polo universitário tem uma biblioteca central e outras 10 bibliotecas espalhadas pelo campus. O modelo baseia-se nos moldes de uma biblioteca moderna e eficiente. Em um estudo apresentado no CBBD, Werner enumerou 10 requisitos para o sucesso na construção de prédios e espaços que abrigam bibliotecas.

“Funcional, com capacidade de adaptação e flexibilidade, convidativa, variada, interativa, motivadora e inovadora, com boas condições ambientais, segura, eficiente e sustentável, e adequada para a Tecnologia da Informação: isso é o que uma biblioteca precisa oferecer. E se quisermos um diferencial, temos de criar o ‘efeito entusiasmo’ nos usuários desses espaços, quando dizem ‘fantástica!’ assim que entram no local”, explicou.

Para Werner, “as bibliotecas não são mais aqueles lugares onde só impera o silêncio”. Em tempos de livros digitais, áudio-livros, filmes em três dimensões, é preciso atentar para as particularidades na construção de bibliotecas ou readequação de espaços já existentes. “Nós precisamos nos adaptar a esse comportamento moderno observado na biblioteconomia para atender o que buscam tanto os nossos atuais usuários, quanto os bibliotecários que trabalham nesses locais.” Alinhar essas inúmeras mudanças, junto aos acervos históricos, aos ainda igualmente utilizados materiais impressos e aos ambientes tradicionais, foi a receita de sucesso deixada pelo conferencista alemão.

Na sequência, a mesa redonda do dia foi formada pelos convidados: Regina Babtista Belluzzo, bibliotecária, doutora em Ciências da Comunicação e professora da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP); Lucy Santos Green, brasileira, mas representante da Universidade da Georgia, nos EUA; e Emir Suaiden, Diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).

Regina Belluzzo tratou das competências do profissional em biblioteconomia e das perspectivas na contemporaneidade. “O mercado está instável e em mutação. Enquanto muitos postos de trabalho são eliminados, novas ocupações surgem e outras tantas atividades de maior mobilidade são criadas. Para garantir nosso espaço, é preciso competência. E competência nunca teve um novo conceito e um novo significado como tem agora”, falou.

Logo após, Lucy Green palestrou sobre a comunicação no século XXI e como os bibliotecários podem promover suas competências mediante a cultura colaborativa e participativa. Para ela, “as pessoas buscam acessibilidade, mesmo que isso não represente qualidade. E embora frustrante, essa possibilidade da informação a qualquer hora e em qualquer lugar, abre uma excelente oportunidade para o que se chama comunidade de aprendizado online. Nosso papel pode ser o de ajudar os usuários nessa participação digital, o de abrir uma frente de troca de informações, oferecendo educação, informatizando a população. Se as bibliotecas não liderarem neste esforço, quem o fará?”, questionou.

E, por fim, o bibliotecário Emir Suaiden explicou a atuação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, do qual é diretor e completou a discussão sobre a identificação do novo profissional da biblioteconomia e do espaço a ser explorado por ele. “As atividades da biblioteconomia no Brasil tiveram início na década de 60. Situação em que trabalhávamos basicamente com livro e leitura, quando enfrentamos a ditadura, e a ideia era restringir a informação, justamente o oposto do que se observa hoje. A geração de futuros bibliotecários vai nos cobrar um legado”, disse referindo-se ao meio de mudanças constantes da comunicação e informação em que vivem os bibliotecários, e onde o papel desses profissionais precisa ser revisto com urgência.

Paralelo ao evento, realizado pela Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) e pela Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB), acontece também o 1º Fórum de Biblioteconomia Escolar: Pesquisa e Prática; e o 3º Fórum Brasileiro de Bibliotecas Públicas. São 13 espaços diferentes, onde os participantes podem optar por assistir 588 apresentações, seminários, mesas redondas, reuniões técnicas e comunicações orais de trabalhos acadêmicos. 

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